O casamento é algo que a humanidade pratica há muito tempo, passando por todas as épocas e diversas culturas. Hoje em dia, ele é visto como um ato, acordo, formalidade ou cerimônia religiosa que é realizado para constituir uma união conjugal, em que as partes têm como finalidade a vida em comum. Envolvendo o compartilhamento de interesses, atividades e responsabilidades entre os contraentes, além de afetos positivos projetados.
Como instituição perene dos grupos humanos, o casamento sempre acompanhou o modo de vida social de sua época, seguindo alguns princípios que atravessaram o tempo: perpetuar a espécie, fortalecer o poder econômico familiar, formar alianças políticas e militares, manter as linhas sucessórias e o direito à propriedade, e a relação afetiva vinculada ao amor. Todavia na pós modernidade estes princípios já não têm o mesmo peso social surgindo novas formas mais fluidas de configuração matrimonial.
A entidade do casamento é tão antiga que já acontecia entre os sumérios, inclusive com leis específicas sobre a temática. Hamurabi, rei da Suméria, criou o famoso Código de Hamurabi, com 67 artigos dedicados ao direito de família, dentro do casamento.
Para os egípcios o casamento era realizado no início da vida adulta com finalidade de procriação. Entre a nobreza havia a ideia de manter o poderio social.
Para os romanos o casamento tinha um viés social, apontando para direitos patrimoniais e sucessórios. Os nobres procuravam núpcias de natureza política e econômica.
Na Europa medieval, o casamento tendia para uniões com interesses militares, econômicos e políticos.
O casamento civil passou a existir em 1836 na Europa e no Brasil tornou-se possível no Governo de Marechal Deodoro da Fonseca, em janeiro de 1890.
Após esta concisa apresentação histórica do casamento, vamos entrar nas terras do conhecimento psicanalítico para olharmos esta ação humana numa profundidade dada pelo psiquismo.
Dois fundamentos entre outros, que na atualidade une o casal é a busca do amor e da sexualidade. Para Sigmund Freud, pai da Psicanálise, a infância dará o tom de como será o relacionamento conjugal na vida adulta, pois o primeiro encontro amoroso é o da mãe com seu bebê, porque é ali que a criança começa a ter os primeiros rudimentos de amar quem o ajuda em suas necessidades (alimento, aconchego, limpeza e proteção), para livrá-lo do desamparo.
Dentro da visão freudiana, a constituição do casal desponta a partir do reencontro com o primeiro objeto de amor (objeto é uma representação mental de algo externo ao sujeito, o qual investe algum tipo de valor ou energia) que ambos os parceiros experimentaram nos primórdios da infância. Ou seja a escolha do parceiro ou parceira da vida adulta tem uma grande conexão com as experiências vividas na meninice.
Na primeira infância o cuidar do outro, ou seja, acalentá-lo e acariciá-lo, acomoda uma sintonia caracterizada pelo encontro primário com o primeiro amor objeto de amor. Por isso, cuidar dos possíveis traumas do passado, pode ser a tábua de salvação de alguns relacionamentos em crise.
O casamento é uma relação que, como qualquer outra, carece de cuidados diários. Passar a vida com alguma pessoa é sempre um grande desafio e uma das premissas para a harmonia desta convivência, além do amor, é a existência do respeito e da generosidade entre os pares. Comumente a permanência de uma relação está ligada a habilidade do casal em se amarem e de se sentirem amados, de se cuidarem e de se sentirem cuidadas.
A ausência de entendimento em um casal é um dos principais indicativos de que alguma coisa não vai bem. Quando simples diálogos acabam em brigas pode ser o sinal de que a relação necessita de um cuidado especial. A história de um casal pode se embaraçar-se quando existem pontos que são sempre evadidos, territórios reprimidos, dificuldades pendentes que nunca são abordados e que podem transformar-se em ressentimentos, amarguras ou fúria.
Estar preparado a retomar o contentamento de uma relação não constitui ser inativo ou omisso ante aos fatos, mas sim estar disposto a tentar fazer diferente, determinadas vezes reconhecendo falhas e sugerindo mudanças, noutras apontando pontos nevrálgicos com afetuosidade, confiando na possibilidade de reconstrução. O importante é que os dois envolvidos estejam preparados a ceder, negociar e encontrar um ambiente de consolo recíproco, com o propósito de aprimorar a convivência, sem imposições, sem regras unilaterais e sem a chantagem constante de um rompimento cada vez que há alguma discordância.
Sim, é presumível desviar-se de muitos atritos, escolher melhor as palavras, ser mais cuidadoso e compreender, mas isto abarca a aceitação de que sempre existirão pendências, e que, quando olhadas com carinho, elas podem ser complementares e benéficas. O bate-papo aberto é muito importante, mas sempre sustentando o respeito e o espaço para a fala e para a escuta.
Em determinadas situações, a deterioração acentuado de um casal pode atrapalhar a concordância. A terapia de casal pode fazer grande diferença na intermediação de diálogos saudáveis, na construção de soluções e na condução das mudanças desejadas. Se o casamento está com dificuldades procure ajuda para construir uma saída possível para os problemas que afetam o casal.
Aguinaldo Adelino Carvalho Psicólogo CRP 06/142740
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